Somos só Garotos.

namorados-1- Advertência: Texto com teor considerável de romantismo. Respeite o silêncio.
Há tempos que garotas e garotos não podem se ver descritos nas canções interpretadas por Paula Toller e Leoni. Muitas características que se atribuía, na solidão dos conceitos, aos meninos, hoje estão distribuídas em moças e rapazes indistintamente. E a afirmativa de que meninas são tão mulheres parece se inverter, num encanto de Conto de Fadas para adulto cujo Lobo Mal devora (agora com outras conotações) a Chapeuzinho Vermelho (qualquer semelhança com o novo filme Garota da Capa Vermelha é mera e infeliz coincidência – afinal, parece tosco o roteiro, quiçá a película feita pra angariar bilheteria)... Mas eu divago, então voltemos.

A minha questão é que, levou-se tanto tempo discutindo diferença entre homens e mulheres, de natureza física, psicológica, e etc, numa guerra dos sexos sem fim, que, na atualidade, como não era de se esperar, pode-se, sem esforços, captar ingredientes “masculinos” numa donzela – de rosto rosado, com as pálpebras alongadas num labirinto de sedução e ternura – para isso basta deitar-lhe um copo de alguma bebida garganta adentro, para delírios dos que só conseguem as moças já encharcadas de álcool, e para a transfiguração de gênero acontecer. Estou sendo simplista, claro. Mas todo texto que manuseia arquétipos e estereótipos pecam na mesma medida.

É que séculos e séculos de lutas desbravadas na busca de um olhar demorado e um lugar ao sol fez (algumas) mulheres não só rejeitar o seu papel escalado nessa sociedade machista e patriarcal, mas desejar, num misto de rancor e rivalidade, o papel masculino de procurar a presa, enfiar nela uma estaca, sangrar-lhe a carne, desocupar-lhe o sangue e numa bravura infinitamente infantil, sentir-se majestosa em seu feito (qualquer comparação com a procura de “romance” nas festas modernosas é mera e ficcional coincidência). A essa altura eu já perdi a moderação, muito embora o leitor atento sabe que não estou me dirigindo contra as conquistas largamente merecidas pelas mulheres no mercado de trabalho, o direito a dignidade, o respeito de toda sociedade e a igualdade sem hipocrisias. Mas sim da capacidade dessas mulheres serem insensíveis como qualquer homem é capaz de ser. E estou tentando desfazer a escora que algumas garotas se encostam quando se sentem machucadas, feridas ou subestimadas. A escora assentada no simples fato de serem mulheres, o sexo frágil.

O caso é que todos nós somos sexo frágil. Elas apenas exercem essa fragilidade com uma beleza por vezes ingênua. Aparentemente. Em sua beleza paira uma inocência que só os puros de coração (e eu – amante confesso da alma feminina e apreciador de seus temperamentos) pode enxergar. Meio tortamente identificamos, claro, equivocado, quem sabe. Mas é uma inocência que, infelizmente, não mais se faz em absoluto. E geralmente está escondida sob o manto vermelho do desejo de ser forte e inatingível. A psicologia explica o fato, diz que criamos a todo instante barreiras e camadas que nos distancie do outro, por razões das chagas que acumulamos ao longo da vida.

Mas sabe, queridas mulheres, há homens que são diferentes destes que te provocaram feridas. Alguns se envolvem ainda, sabia? Alguns se entrelaçam no nó natural da saudade fingindo fortaleza pra deixar suas companheiras seguras e aconchegadas em seus braços, e nem todos, repito, nem todos, querem apenas usar de vocês. Alguns querem sim. Mas algumas também querem sim, apenas utilizar de nós, homens, exprimidos em nossa macheza, limitados pela potência que devemos expressar, pela insensibilidade que – segundo algumas mulheres – a conquista sexual exige. Nós queremos ser amados, sim, amados. E nos “engostosamos” pra isso. Queremos crescer os nossos braços – para poder sustentá-las neles, nossa voz é grave para roçar-lhes os ouvidos. E é para isso que vivemos, para cortejá-las eternamente aceitando qualquer maçã de suas esbeltas mãos, pela simples razão de que não conseguimos viver sem vocês.

Isso não basta para que vocês nos olhem, sem que em nossos olhos enxerguem a mácula do interesse vazio? Será que precisaremos de mais quantos anos para descobrir que não somos rivais, e sim, nada mais que isso, peças atrativas de um mesmo jogo, hem? Nos respondam. Quando vocês vão descobrir que nessa brincadeira de romance, somos nós que não resistimos aos seus mistérios? Porque pertos de uma mulher, como nos diz a canção, somos só garotos.

2 comentários:

Elen Alcântara disse...

Achava que homem não tinha coração e um pingo sequer de sensibilidade.Me enganei, talvez.

Lilian Negrini disse...

Adorei sua sinceridade. Algumas mulheres não entendem que homens são diferentes de nós, pela própria natureza. Não podemos jamais nos igualar para não perder o poder feminino de sedução. Você está certo:- Cada macaco no seu galho! rsrrsrs. Um homem jamais conhecerá uma mulher como a mulher conhece o homem, pois ela gera filhos. É desigual uma luta física pois o homem é mais forte, assim como é desigual uma luta emocional pois os homens, perto das mulheres, são mesmo, e apenas, só garotos.