Para minha doce mãe, Neusa
Minha mãe viajava para buscar o futuro. E eu engolia a seco aquela vontade de dizê-la o quanto os seus biscoitinhos de goma faziam falta quando ela não estava. Começamos essa vida de despedidas muito cedo. Lembro que por volta dos meus seis anos eu chorava descontroladamente para tê-la sempre perto de mim. Era uma angústia seguida de um vazio que arrancava meu sentido de vida, esbaforidamente. Eu temia qualquer ordenação de suas bagagens, inconscientemente, isso agoniava e não mais conseguia me afastava de debaixo de sua saia. Era uma melancolia precedida de um aperto socado no peito. Uma vontade de morrer pra vingá-la da dor que eu sentia.

(Bruno Silva )
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