Sé Velha


O templo testemunha teus ruidosos
pecados aos meus pés
nas ladeiras cansadas de meus verbos
onde dorme o uivo infinito da madrugada
doce, florescente ruidar.

Bocas residuais e copos ardentemente
puros e impuros
jamais sentiram o apêlo
que arrebenta de tuas asas
e aplaca a dor santa do sentir.

Desperto das cenas santas reveladas
profanas por deuses caídos,
olhares, beijos e gemidos
calados e mergulhados na luz sóbria do
amanhecer,
escuro e amante é teu prazer.

Ao suar da noite
no cair da aurora
tuas badaladas roçam na
madrugada doce e carente,
Sé Velha, tuas pedras não mente.

Bruno Silva

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