Mãe mente para seu filho para ensiná-lo a amar de verdade…

Dá-me um beijo na fonte dolorida
Que ela arde de febre, minha mãe.
Vinicius de Morais



Saia de perto da tevê ou estragará as vistas. Se não usar óculos, seu grau vai aumentar. Se engolir o chiclete ele gruda no estômago. Essas e muitas outras frases são frequentes na infância de qualquer criança que teve uma mãe como a minha.


Possessiva, controladora, por vezes até cruel. Afetuosa, super protetora e compreensiva. São esses os retratos que tenho da mãe que tive (e tenho). Se em alguns momentos minha mãe conseguia ser uma benção de Deus, que cuidava de mim com carinho, outras horas conseguia ser, fulminantemente, minha carrasca.

Mas o que apenas me recordo com saudade, é que vale à pena ser lembrado: as tantas vezes que ela corria o mundo para encontrar o presente que eu queria, as bolachas que preferia, ou simplesmente fazer minhas vontades. Só por fazer. Só por amor. Em alguns momentos até irracionalmente.

Mãe é doida. É tão doida que dela nasceram nós. E elas começam cedo a nos amar loucamente, do seu jeito.

Desde a infância até a morte, podemos ver como somos nutridos pelo afeto dela. E isso a partir do nascimento. Nosso primeiro ato após o nascimento é o de mamar o leite de quem de quem? Dela. É um ato de afeto, de compaixão. Sem esse afeto não podemos sobreviver. É claro. E esse ato não pode ser realizado a menos que exista um sentimento mútuo de amor. Por isso amamos elas.



É tão bom olhar para o passado e enxergar um individuo que nos amou tanto, mas tanto, que foi capaz de mentir todos os dias para nos preservar. Se eu não ouvisse minha mãe, e parasse de usar o óculos, por exemplo, mesmo que meu grau não aumentasse, eu não teria tanto gosto em olhar o mundo do jeito que olho.

Elas são demais. E mentem pra nos ver felizes, ainda que futuramente sejam descobertas em flagrantes. E que fiquem constrangidas quando surpreendidas no ato. Mas elas mentem, nos encobrem e fazem tudo pra nos ensinar a amar, a ser feliz e a manter o nosso olhar da realidade sempre intacto, sem estragar nem um filete.

Então feliz dia das mães! e sigam o conselho delas: saiam da internet, enxerguem o mundo com amor e vão abraçá-las desesperadamente.

2 comentários:

Nathy disse...

Texto simplesmente lindo! Parabéns para todas a mães!

Renata de Aragão Lopes disse...

E não é que, ontem,
assistimos, em família,
ao filme "Os feiticeiros",
cuja mensagem é fabulosa?

Os filhos dizem
que seus pais os atrapalham,
mas sabem, no fundo,
quão imenso é seu valor...

Um abraço,
doce de lira